Terra, oxigênio e conexão urbana. Este edifício residencial está inserido silenciosamente no bairro de Las Mercedes, uma área residencial de baixa escala em Assunção, Paraguai, mas em constante processo de transformação e adensamento. Está construído em um pequeno terreno (8,40 m x 25 m) e procura funcionar com o maior respeito em uma área habitacional consolidada, utilizando elementos cerâmicos e vegetação.
A obra é concebida em terra compactada ou taipa. A ideia é propor esse sistema construtivo (visto como rural ou milenar) como uma possibilidade urbana atual com novas possibilidades de habitar compreendendo as complexidades climáticas dos subtrópicos e atendendo a certas características socioculturais pertinentes, onde reconhecemos a importância da participação e colaboração de artesãos e mestres conhecedores da técnica.
O edifício é projetado como uma caixa central de terra que é perfurada pontualmente na fachada e afastada da rua como um gesto para permitir a criação um espaço de uso público. Os apartamentos separados por um bloco de escadas terminam em um terraço que permite vislumbrar o bairro, o céu, a paisagem do Chaco e o rio Paraguai.
A edificação de terra é recuada para possibilitar a criação de uma galeria aberta e ventilada, que é coberta por uma malha metálica atuando como manto verde e filtro de luz. Diversas espécies de plantas nativas possibilitam essa proteção natural que, além de dar flores e aromas ao bairro, protege a edificação do sol e da chuva. Cria-se um interessante espaço sombreado de uso intermediário, muito bem ventilado, que permite aproveitar uma luz mais favorável a nordeste para atividades comuns. O desejo de gerar o menor dos impactos e ser mais amigável em um bairro tradicional de Assunção foi um dos principais objetivos.